Por Matheus Mans / Yahoo Finanças
Voos interrompidos, cinemas fechados, campeonato de futebol suspenso e shoppings vazios. Esse é o cenário de várias cidades brasileiras com o início da crise do coronavírus no País, que já conta com cerca de 300 casos confirmados e uma morte. Dessa maneira, espera-se que a economia, já nos próximos dias, seja afetada.
Mas quais setores econômicos devem sofrer com mais intensidade? Quais correm mais riscos de falência? Será que algum setor econômico no Brasil não conseguirá se recuperar?
“A partir do momento que a cadeia de suprimentos foi afetada, todos os setores são afetados. Telecom, farmacêutico e plataformas digitais talvez tenham menos prejuízos”, explica Agostinho Pascalicchio, professor de economia na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Os setores mais afetados na economia brasileira devem ser o de aviação, de serviços e indústria.
Aviação: o mais ameaçado
Sobre o primeiro setor, há uma preocupação crescente. Afinal, empresas de aviação ao redor de todo o mundo estão cancelando voos e suspendendo viagens. A população também começa a ter receio de viajar em aviões.
A American Airlines, por exemplo, cortou todos os voos para o Brasil. A Europa está isolada. Internamente, empresas começaram a reduzir os voos por conta da demanda. A Azul, que vem enfrentando uma crise, reduziu a oferta de assentos em 25%. Já a Latam terá uma redução de 70% em sua oferta. A Gol, por fim, disse que “passará por reajustes”.
Isso já gerou um efeito imediato no setor de aviação e de turismo, no geral. A Azul viu as ações da empresa caírem 36% na bolsa de valores brasileira. O programa de milhas Smiles e a agência de viagens CVC observaram uma queda de 31%. Já a Gol, de 28%. Por fim, a Latam, listada na bolsa de valores de Nova York, enfrentou uma queda total de 28,4%.
“É um cenário catastrófico para o turismo e para o setor de aviação”, afirma o pesquisador em economia do turismo, Hélio Pinocchi. “O dólar já estava altíssimo, chegando a ultrapassar a barreira dos R$ 5. Agora, com a pandemia de coronavírus, tudo vai parar. O setor vai passar por uma nova consolidação, com algumas empresas não aguentando”.
Especialistas consultados pela reportagem não arriscam dizer o quanto esse setor vai retrair no Brasil — afinal, depende de como as empresas vão se comportar, da duração dessa pandemia e se haverá grande número de falências mundo afora. A Associação Internacional do Setor Aéreo (Iata) já prevê perdas de US$ 113 bilhões.
Para tentar conter o caos no setor aéreo, o Ministério da Economia anunciou um “pacote de salvação”. Dentre outras coisas, há redução do PIS/Cofins sobre querosene de aviação e a remoção do imposto sobre venda de passagens aéreas. Mas pode não ser o bastante.
“Acho que será uma crise profunda. Precisará de muito mais”, finaliza Pinocchi.
Quarentenas vão prejudicar varejo
Outro mercado que deve ser atingido brutalmente durante a crise do coronavírus é o de varejo e serviços. Afinal, as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) são de ficar em casa, evitar multidões e sair o mínimo possível.
Shoppings e lojas já estão com recomendação de funcionamento reduzido. Por depender da presença física do cliente, encontrarão dificuldades em faturar nessa crise.“Não há meios para driblar isso, num primeiro momento. Faltarão clientes e diminuirá faturamento”, diz Pascalicchio.
Sobre o setor alimentício, restaurantes poderão faturar com delivery no início de crise — afinal, as pessoas irão preferir pedir comida do que sair pra comprar. Mas a crise deve chegar. “O usuário pode ser impactado pela alta de preços, além da falta de variedade nos itens de compra”, explica Pedro Galoppini, CPO da startup de trade marketing Involves.
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